quinta-feira, 25 de março de 2010

Directa #1


06h37. O negrume da noite acenou-me um adeus e eu nem dei conta.
E agora a aurora. Raio de sol trocista.
Chilrear de pardais e outros sinais da alvorada.
Bocejo.
Os dígitos do despertador não são de facto os meus melhores amigos. Escárnio é com eles.
Ai se não precisasse deles…
E a cama ao meu lado,
Imaculada,
Incólume,
Intacta desde o meu último acordar,
Encara-me no fim de dois passos inexequíveis e distantes, indiferente.
Hoje, sobretudo hoje,
E outros dias de imprudência também,
O que fizeram de mim?
Perdulário de horários,
Esgotado e senil.
A manhã floresce a um ritmo acelerado
Como se fizesse questão em acompanhar os meus batimentos cardíacos.
Já acabei com o café.
Quanto mais falta para acabar o tempo?



Ricardo Domingues

1 comentário:

Captain Oats disse...

Subscrevo tudo o que disseste! Foi muito duro! Ainda bem que escreveste!